terça-feira, 17 de novembro de 2009

Ai esta falta de ética


Foto: Kalu Brum

Me lembro que na faculdade um professor doido e incrível disse o seguinte: ética não precisa ser ensinada. Ou você tem ou não tem.

É verdade. Não existe essa balela de ética pessoal e profissional. Se uma pessoa é capaz de usar um texto seu sem dar os devidos créditos, se promete algo, sai pela tangente, prefere brigar a resolver, não paga e se faz de rogada, não tem ética e acabou. E agirá assim com mais e mais pessoas, até que sua vida se torne um mar de cacas.

O melhor a fazer é agradecer e deixar o vento levar o fedor. Porque uma hora a merda vai voar. Eu acredito na lei do retorno: se você fez algo aquilo retornará a você. Neste caso também estou aprendendo algo com a falta de ética a qual fui envolvida. Talvez a garnde lição que amigos, amigos, negócios tudo registrado e assinado. Como diz meu Guru da praticidade ou atual maridö: o combinado não sai caro.

E é mais barato conhecer a merda que se está pisando, quando ainda está na sola do sapato, antes de mergulhar de cabeça. Aí é só sair fora, com uma dor no coração e muita gratidão por saber que as coisas vão e voltam com força dobrada.

Financeiramente já me recuperei do prejuízo. Psicologicamente também. Sigo minha vida servindo ao mundo, as vezes sem rumo de tomar tamancadas dos lugares inesperados, mais forte, sem dúvida.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Sobre o caso Uniban

Foto: Kalu Brum

Eu vivo em uma bolha envolta de mantras e energizações, alheia desta sociedade doente. Não tinha visto nada sobre o caso da menina que foi chamada de "puta" em uma manifestação coletiva de alunos da Faculdade UNIBAN de São Paulo. Só fiquei sabendo porque alguém colocou no Mamíferas. O caso não me choca, não me irrita. Ele só reflete a equação violência e sexualidade superestimulados em toda parte e precocemente.

Outro dia estava no mercado e uma menina de seus 9 anos, estava com a mãe, com um shorts muito curto que o Miguel comentou: ela veio de calcinha? A menina rebolava de um lado para o outro em uma sexualidade precoce. A mãe achava aquilo normal, a filha também. então o que fazer?

Perdemos os valores de respeitopor nosso próprio corpo, contra o corpo dos outros. Cada dia mais as saias estão mais curtas, assim como é mais curto o caminho até um desconhecido tocar seu corpo. Beija-se sem amor, apenas pelo gosto do tesão. Transa-se como se fosse a coisa mais simples do mundo, sem o menor vínculo e conexão. Não vejo nada de errado com isso, só que está distante do meu universo.

Não estou aqui defendendo que ninguém case virgem, nem que "amarre micharia", como diz por aqui em Minas Gerais só porque os outros vão falar. Mas no meu mundo, valorizar um beijo, como parte de um gesto de amor, transar com quem se sente mais do que mero tesão, são atitudes de sabedoria, que evitam, em nível energético, que entremos em contato com o pior do outro. Afinal, no beijo, no sexo, mais do que fluídos corpóreos são trocados. Uma intensa troca energética é estabelecida.

Da mesma forma como valorizar o corpo com roupas bonitas, até sensuais, porque não, mas atento a vulgaridade. O vulgar é feio, choca, faz aflorar a parte mais selvagem.

É muito diferente de dizer que uma mãe que amamenta um filho provoca sensualidade. Isso sim é doença. A finalidade do amamentar é muito diferente de quem usa um micro vestido. O fato é que o caso ilustra mais uma vez um retrato de uma sociedade doente. Meninas que vão para uma Universidade com a intenção de mostrar seus atributos físicos; pessoas que reagem agressivamente de forma coletiva a presença de algo diferente. A imprensa que transforma isso em notícia.
Uma vez li um artigo interessante falando das drogas e sua relação com os momentos históricos: o ópio como forma de libertar o pensamento aprisionado; a maconha como busca da paz e amor em uma sociedade em guerra fria; a cocaína para expressar a revolta contra um sistema. Hoje é a vez do êxtase, a droga do amor, que faz os sentidos se aguçarem.

Vivemos uma total e completa falta de amor, por nós, por algo maior, pelo outro, por todas as coisas viventes e sentintes. Uma sociedade sem amor de mãe/pai, sem afeto na escola, de relacionamentos mediados por uma tela de computador. Onde não há amor, não há respeito. Onde não há respeito, há barbárie. Não há culpados é só um retrato de uma sociedade doente.

Eu busco a cura, em mim e ao meu redor. Não assisto TV, procuro não me conectar com aquilo que me distrai do meu objetivo. Medito diariamente (por mim, pelo meu filho, pelo planeta) e isso me faz uma pessoa melhor, mais pacífica e capaz de fazer escolhas mais sábias. Procuro comer aquilo que agride menos ao ambiente. Crio meu filho com amor e valores espirituais e acima de tudo, procuro ser o espelho que desejo para o mundo. Planto minha smente em mim e no futuro que vou deixar para o planeta e ensino principalmente que o essencial é invisível aos olhos e só se vê be com um coração amoroso.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Cantares



Foto: Kalu Brum


Hoje Bailo na indicação de um amigo que me trouxe um poema de Antonio Machado que revela minha essência: eu amo os mundos sutis/leves e gentis,como bolhas de sabão



Tudo passa e tudo fica
porém o nosso é passar,
passar fazendo caminhos
caminhos sobre o mar

Nunca persegui a glória
nem deixar na memória
dos homens minha canção
eu amo os mundos sutis
leves e gentis,como bolhas de sabão

Gosto de ver-los pintar-se
de sol e graná
voar baixo o céu azul, tremer
subitamente e quebrar-se...
Nunca persegui a glória
Caminhante, são tuas pegadas
o caminho e nada mais;
caminhante, não há caminho,
se faz caminho ao andar
Ao andar se faz caminho
e ao voltar a vista atrás
se vê a senda que nunca
se há de voltar a pisar

Caminhante não há caminhos
senão há marcas no mar...
Faz algum tempo neste lugar
onde hoje os bosques se vestem de espinhos
se ouviu a voz de um poeta gritar
"Caminhante não há caminho,se faz caminho ao andar"...
Golpe a golpe, verso a verso...
Morreu o poeta longe do lar
cobre-lhe o pó de um país vizinho.
Ao afastar-se lhe vieram chorar
"Caminhante não há caminho,se faz caminho ao andar..."

Golpe a golpe, verso a verso...
Quando o pintassilgo não pode cantar.
Quando o poeta é um peregrino.
Quando de nada nos serve rezar.
"Caminhante não há caminho,se faz caminho ao andar..."

Golpe a golpe, verso a verso.