quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Sobre o caso Uniban

Foto: Kalu Brum

Eu vivo em uma bolha envolta de mantras e energizações, alheia desta sociedade doente. Não tinha visto nada sobre o caso da menina que foi chamada de "puta" em uma manifestação coletiva de alunos da Faculdade UNIBAN de São Paulo. Só fiquei sabendo porque alguém colocou no Mamíferas. O caso não me choca, não me irrita. Ele só reflete a equação violência e sexualidade superestimulados em toda parte e precocemente.

Outro dia estava no mercado e uma menina de seus 9 anos, estava com a mãe, com um shorts muito curto que o Miguel comentou: ela veio de calcinha? A menina rebolava de um lado para o outro em uma sexualidade precoce. A mãe achava aquilo normal, a filha também. então o que fazer?

Perdemos os valores de respeitopor nosso próprio corpo, contra o corpo dos outros. Cada dia mais as saias estão mais curtas, assim como é mais curto o caminho até um desconhecido tocar seu corpo. Beija-se sem amor, apenas pelo gosto do tesão. Transa-se como se fosse a coisa mais simples do mundo, sem o menor vínculo e conexão. Não vejo nada de errado com isso, só que está distante do meu universo.

Não estou aqui defendendo que ninguém case virgem, nem que "amarre micharia", como diz por aqui em Minas Gerais só porque os outros vão falar. Mas no meu mundo, valorizar um beijo, como parte de um gesto de amor, transar com quem se sente mais do que mero tesão, são atitudes de sabedoria, que evitam, em nível energético, que entremos em contato com o pior do outro. Afinal, no beijo, no sexo, mais do que fluídos corpóreos são trocados. Uma intensa troca energética é estabelecida.

Da mesma forma como valorizar o corpo com roupas bonitas, até sensuais, porque não, mas atento a vulgaridade. O vulgar é feio, choca, faz aflorar a parte mais selvagem.

É muito diferente de dizer que uma mãe que amamenta um filho provoca sensualidade. Isso sim é doença. A finalidade do amamentar é muito diferente de quem usa um micro vestido. O fato é que o caso ilustra mais uma vez um retrato de uma sociedade doente. Meninas que vão para uma Universidade com a intenção de mostrar seus atributos físicos; pessoas que reagem agressivamente de forma coletiva a presença de algo diferente. A imprensa que transforma isso em notícia.
Uma vez li um artigo interessante falando das drogas e sua relação com os momentos históricos: o ópio como forma de libertar o pensamento aprisionado; a maconha como busca da paz e amor em uma sociedade em guerra fria; a cocaína para expressar a revolta contra um sistema. Hoje é a vez do êxtase, a droga do amor, que faz os sentidos se aguçarem.

Vivemos uma total e completa falta de amor, por nós, por algo maior, pelo outro, por todas as coisas viventes e sentintes. Uma sociedade sem amor de mãe/pai, sem afeto na escola, de relacionamentos mediados por uma tela de computador. Onde não há amor, não há respeito. Onde não há respeito, há barbárie. Não há culpados é só um retrato de uma sociedade doente.

Eu busco a cura, em mim e ao meu redor. Não assisto TV, procuro não me conectar com aquilo que me distrai do meu objetivo. Medito diariamente (por mim, pelo meu filho, pelo planeta) e isso me faz uma pessoa melhor, mais pacífica e capaz de fazer escolhas mais sábias. Procuro comer aquilo que agride menos ao ambiente. Crio meu filho com amor e valores espirituais e acima de tudo, procuro ser o espelho que desejo para o mundo. Planto minha smente em mim e no futuro que vou deixar para o planeta e ensino principalmente que o essencial é invisível aos olhos e só se vê be com um coração amoroso.

2 comentários:

Lívia_Lin disse...

A última estrofe foi sensacional... talvez ainda, sensacional seja uma palavra fraca. Foi mais! Disse tudo!
Porém o essencial tornou-se invisível aos olhos porque as pessoas se desconectaram de seu Ser.

Existem várias coisas que enrijecem as paredes do nosso coração e a humanidade atual só tem feito uso dessas coisas. Então o que esperar de um coração assim, duro?

Não se sabe mais o que é o amor, não se importam mais em amar. O mais importante é o próprio umbigo (e nem é por uma lembrança de conexão com a mãe).

Quando se olhará para o próximo com amor?

Minha religião está apenas na busca do religare com as divindades. Não creio num deus, mas sim num princípio vital que palpita em tudo o que tem vida. Com base nessa crença, façamos uma análise do 1º mandamento: "amar a deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo".
...
Simplesmente deixou-se de amar a vida!!!

:(

Beijos Kalu!
Lívia

(desculpe ter escrito tanto!! Deu de entender alguma coisa dessas minhas idéias aquarianas!? :P)

Rosana Oshiro disse...

Vi o link no mamiferas e vim ler.
Concordo plenamente!
Muito lúcido o que vc escreveu.
Parabéns!