quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Surdos Marchadores



Foto: Kalu Brum


Nunca, em tempo algum, meus passos deixaram de incomodar os ignorantes. Já fui como eles que valorizavam as coisas do mundo em detrimento a força do instinto e do coração. E por tempos achei que calada conseguiria caminhar escondida carregando uma melancia de ideologias distintas na minha cabeça. Mas não consegui. Por mais que adore o bailar, minha paixão faz gritar para acordar as almas ignorantes.


Como podem achar normal cortar a barriga para nascer? Não amametnar? Receber uma vida em um ambinete inóspito e sem questionar se as multilações dos corpos de mãe e bebê são necessárias? Como podem querer beijar o bebe só depois de limpo, ter nojo de suas próprias entranhas? Eu não consigo achar normal que desrespeitem a criança dando-lhe um alimento do qual seu corpo não está preparado, treinando precocemente a ler e escrever, adestrando com palmadas e biscoitos.


Há em toda sociedade um desejo perene pela independência. Casais se separam em nome desta liberdade que não existe, mães trocam peito por mamadeira para se sentirem mais livres e descontam suas frsutrações fazendo compras para se fazerem presentes através de objetos.


As crianças parecem independentes e logo mostram que dependem da televisão (com o desespero nos dias sem luz), dos brinquedos caros, do eterno consumo. Desde cedo se treina a nova alma a valorizar o que está do lado de fora e as pessoas que podem ter mais coisas.


As pessoas deixam de acreditar em seus corpos, nas forças da natureza, na divindade presente em todas as coisas. E se desconectam do real e vivem em redes sociais imaginária, colecionando seguidores.


È nestas horas me lembro do conselho da minha irmã: "É só fazer o que todo mundo faz e não pensar". Como gostaria de ser assim, como gostaria de não pensar, de seguir os passos da boiada. Mas não posso mais. Eu acordei e não consigo mais dormir, me sinto gritando mantras em um mundo de surdos, que seguem a marcha das músicas de comerciais.


2 comentários:

Carol Flor disse...

"Como gostaria de ser assim, como gostaria de não pensar, de seguir os passos da boiada. "

Creeeedo! Não quero isso para vocÊ não nem para ninguém!!!!!!

Lu disse...

Há muita, mas muita gente que ouve tudo que vc ouve, e não se ensurdesse pelo mundo ainda assim. Que vive no mundo como igual, não como melhor ou pior. São essas pessoas que fazem a diferença. Alguns pouquíssimos ficaram famosos como Madre Tereza, Gandhi e alguns outros, que conviveram com a miséria humana em sua expressão mais intensa e amaram à todos os supostos miseráveis, sem condená-los, apenas servindo-os.

São os que olham os supostos "miseráveis" e não os condenam, porque conseguem perceber além da superfície. Vivem a própria vida tal qual acham correto, sem no entando gritarem e alardearem o quanto os outros estão errados. Apenas vivem firmemente os seus ideais mais nobres, e a sua própria vida fala por si. Isso, para mim, é estar realmente conectado com o Divino que há em toda parte, inclusive nos supostos miseráveis do mundo. Não conseguimos perceber a beleza nas diferenças entre as criaturas, nas suas buscas, encontros e desencontros consigo mesmos, não conseguimos ver a beleza do caos seguindo para a Ordem no macro ou no microcosmo, quando nosso mundo é tão perfeito e iluminado, que ofusca todos os demais.

Enquanto gritamos a perfeição que perseguimos e vivemos, como sendo o ideal de vida de todos os seres, tomando a forma de vida de todos os outros como imprópria, só porque não segue o nosso padrão de perfeição, não conseguimos ouvir "o silêncio de Deus" na sua diversidade tão linda e contagiante!

Ser como a flor-de-lotus, que vive na lama, mas mantem-se limpa e cheirosa. Iluminado é aquele que consegue andar com seu irmão na lama, e não suja os pés. Que consegue fazer parte do mundo, sem ser tragado por ele.
Algo como o modo de vida de Lahiri Mahasaya, que vc certamente conhece. O tempo da Yoga no Himalaia, acabou... :-)

Beijos e parabéns pelo blog. :-)