terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Poeira de Deus

Foto: Paula Lyn - www.paulalyn.com.br

“Somos apenas uma poeira no vento”. Gosto de imaginar minha existência como uma poeira no vento de Deus. Ele me sopra, e brilhante, pequenina, livre, entrego-me a Sua vontade. E cada paradeiro tem sido uma grande e inesquecível aventura.

Ele soprou-Me para em sua direção. Avistei-te antes de vê-lo porque já brilhavas em meu interior. Assim o vento conduziu-me até sua pequenina e vibrante existência. Sem resistência, uni-me a sua perfeição. Você é a melodia perfeita que esperava para minha canção. Envolve-me e fazes me bailar, sempre mostrando que o vento de Deus é perfeito e enquanto tivermos as velas em Sua direção, estaremos no caminho correto.

Não importa que existam partículas de sujeira. Enquanto houver o vento elas dispersarão. E então sempre poderemos ver a lua e as estrelas e aprender que a intuição brilha no céu para nos mostrar para onde teremos que ir quando nos sentirmos perdidos.

O amor é uma grande lição. Enquanto conseguirmos enxergar através da gota de orvalho e ver o caleidoscópio da vida, estaremos guiando nossas vidas pelo brilho da verdade que nos transforma na poeira de Deus.

Quero cegar-me para o mundo e Vê-lo em cada evento, cada gota, cada sentimento. Assim sempre terei na minha alma um outra vez, para nunca mais girar nessa roda.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Kalu

Foto: Kalu Brum

Eu gosto de filosofar sobre a vida, saber de teologia, biologia, ecologia, física quântica
Em outros momentos falo besteiras, trivialidades, palavrões
Gosto de ser mimada com presentes, surpresas, carinhos, abraços e beijinhos
E sempre surpreendo seja com um beijo, lambida ou uma mordida

Falo bastante, sobre todos os assuntos
Os que não conheço, pergunto como uma criança de 08 anos
Da mesma forma que preciso estar em silêncio, só, em um espaço meu

Aprecio andar lado a lado, de mãos dadas e pensamentos colados
Sem rumo ou destino, degustando de cada passo da jornada
E sei da importância de estar só com meus pensamentos
Quieta em meu mergulho interior

Tenho corpo de 18, cabeça de 40 e coração de 05 anos
Na média acho que dá 26
Sou péssima em matemática
Esqueço nome de coisas
Dos papéis que me dão para segurar
Mesmo que seja o ingresso de cinema

Muitas vezes lembro-me de cenas, lugares com uma riqueza de detalhes
Incrivelmente fantásticas
Eu acredito em fadas, duendes e seres encantados
Acredito que em essência todos são bons
E importantes para alguém
Porque nada que vive é inútil

Sou geniosa, muitas vezes teimosa e exigente
Outras doce, divertida, feliz, palhaça e serena
Esqueço rápido das dores
Ofensas e desavenças
Perdôo com a facilidade de um sorriso

Adoro falar ao telefone
Latir, isso mesmo, latir!
Brincar com criança
Cachorro
Escrever poesias
Sussurrar juras de amor no ouvido
Ouvir alguém a cantar para mim
Nem que seja por telefone

As vezes fico brava a toa, sorrio a toa
Na maior parte do tempo me sinto criança
A descobrir um mundo encantado

Quero sempre saber mais sobre a alma
O céu, a Terra e tudo aquilo que faz meu coração flutuar

Gosto de correr, nadar, brincar
Bolhas de sabão, pipa no céu, pular corda
Correr, mergulhar, bicicleta, e não parar um segundo
E ficar quietinha abraçada vendo um lindo pôr-do-sol

Canto no chuveiro, no carro, na rua
Na maior parte das vezes não me incomodo
Com que os outros vão pensar de mim

Sou esquisita, como bolacha primeiro o tampo
Depois tento desafiá-la deixando intacto o recheio
Adoro cheiro de café
De chuva no asfalto
Adoro brincar na chuva
Beijar na chuva

Não como carne vermelha, frituras
Adoro verduras, legumes
Comida japonesa
Adoro chocolate com morango
Foundie
Bala, chiclete, pirulito e sorvete

Geralmente estou de dieta
Porque adoro comer
Adoro cozinhar ouvindo música
Dirigir, trabalhar, caminhar, respirar
Minha vida tem trilha sonora

Adoro dormir de conchinha, de abraçar as pessoas
Durmo abraçada com um urso de pelúcia
Cheiro de perfume, de tempero
Cheiro de trás da nuca, no pé do cabelo
Gosto de morder
Andar descalça, deitar na grama
Fazer esculturas com as nuvens

Amo o nascer do sol, o pôr-do-sol
Do sol
Da lua
Da alma humana e seus labirintos

Se você leu tudo que escrevi,
Tenha certeza
Que você mergulhou em minha alma
E sabe exatamente quem eu sou.
Simplesmente Kalu

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Dança das Palavras


Foto: Kalu Brum

Acho tão bela a dança das palavras. São como fios de uma teia de aranha, que capturaram, envolvem e transformam a presa. O poder das palavras é muito grande. Ela pode nos levar ao êxtase ou a tristeza mais aguda.

Pense em uma carta.

Lembre-se da inebriante sensação de ler uma declaração de amor. O calor no abdômen, o rubor na face. Mas se essa mesma carta, no final, conter uma despedida, a sensação se transformaria instantaneamente.

Palavras são como sementes mágicas que em cada solo, germinará de maneira própria.

Seja qual for a situação, a palavra, que forma a frase, que faz o texto, só se completa e realiza a comunicação quando encontra um espaço vazio. A mão encontra o buraco da luva, o seio da mãe encontra a boca faminta do bebê, a semente encontra o vazio da terra para germinar e as palavras precisam do vazio do ouvido e do coração para se realizarem.

O que percebo é que palavras vagam sem encontrar um espaço. Como disse Cássia "são palavras ao vento". E estas mesmas mágicas sementes capturam apenas instantes de realidade. Por isso o jornal de hoje embrulha o peixe de amanhã; as poesias de amantes são palavras que ferem. O que se eterniza são palavras despretenciosas, que voam como bolas de sabão, sabendo que seu destino colorido e leve é efêmero.

Permita-se ser um vazio pleno para que a dança das palavras se estabeleça em toda a sua plenitude e mergulhe em todas as sensações despertadas por essa teia, capaz de capturar, envolver e digerir o mundo. Saudações às palavras e sua realização no buraco do coração.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Esculturas

Foto: Kalu Brum

Aquele corpo pequeno, pele macia, cabelos leves como o brilho da aurora.
Nu e ligeiramente arrepiado, permanecia ali exatamente
como acabara de esculpi-lo com cada célula do meu corpo.

Nos lábios rosados desenhava-se um delicado sorriso
daqueles que fazem uma oração silenciosa.
No meio da noite despertei
e sem que soubesses, fitei-te longamente.

Naquele momento percebi que amar
é fazer amor com as delicadezas.
Por repetidas vezes fiz o mesmo o ritual
e todas as vezes o encontro
como da primeira vez em que dormi a seu lado:
pequeno e eterno, equilibrado nas linhas invisíveis da sua efêmera existência.

Esse é o meu segredo de amor:
velar seu sono mesmo à distância.
Quando seu sonho se separa do meu,
despertas aflito e perdido no mar escuro.

Esse é meu segredo...
Mesmo longe estou sempre perto.
Tão perto que vivo em ti...

Amo cada sílaba que o traduz e sempre o encontrarei,
nu e sereno, deitado sobre a teia de paz tecida com os fios silêncio da eternidade.