terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Esculturas

Foto: Kalu Brum

Aquele corpo pequeno, pele macia, cabelos leves como o brilho da aurora.
Nu e ligeiramente arrepiado, permanecia ali exatamente
como acabara de esculpi-lo com cada célula do meu corpo.

Nos lábios rosados desenhava-se um delicado sorriso
daqueles que fazem uma oração silenciosa.
No meio da noite despertei
e sem que soubesses, fitei-te longamente.

Naquele momento percebi que amar
é fazer amor com as delicadezas.
Por repetidas vezes fiz o mesmo o ritual
e todas as vezes o encontro
como da primeira vez em que dormi a seu lado:
pequeno e eterno, equilibrado nas linhas invisíveis da sua efêmera existência.

Esse é o meu segredo de amor:
velar seu sono mesmo à distância.
Quando seu sonho se separa do meu,
despertas aflito e perdido no mar escuro.

Esse é meu segredo...
Mesmo longe estou sempre perto.
Tão perto que vivo em ti...

Amo cada sílaba que o traduz e sempre o encontrarei,
nu e sereno, deitado sobre a teia de paz tecida com os fios silêncio da eternidade.

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